terça-feira, 5 de junho de 2012

Sinto outra vez este impulso de fugir, este impulso tão forte que me consome a alma, que me queima as entranhas. Quero fugir, preciso de sair para algum lado, de partir sem destino, sem pensar se quero ou não regressar, pelo menos para já.
Felizmente, o tempo deu-me algum bom senso e este último diz-me que, na realidade, não posso fugir. Não posso fisicamente fugir, porque ir sem destino é algo que há-de ter determinadas implicações, talvez não muito agradáveis. Para além disso, a vida não tem um botão de pausa em que possa carregar quando me apetece, para ouvir outra melodia durante um pedaço e depois voltar à ensurdecedora desafinação que é a minha vida. A desafinação continua lá, por mais que tente ignorá-la. O que tenho de fazer é aprender a afinar a guitarra para poder tocar a minha melodia, sem o barulho ensurdecedor de fundo que me faz ranger os dentes. Isto é algo que se me apresenta algo problemático... Parece-me que perdi o livro que ensina a afinar a guitarra e não consigo chegar lá sozinha.
Fora as metáforas ridículas, os problemas não desaparecem, por mais que se fuja deles. Até podemos tirar umas férias da vida normal, que quando voltamos eles continuam cá, por vezes até mais agravados devido à falta de atenção que lhes é dada. E tenho até de admitir que, não sei se pela minha condição de mulher ou por simplesmente pertencer à espécie humana, os problemas estão é na minha cabeça. É lá que nascem, que se embrulham uns nos outros, que fermentam e crescem. Fugir não adianta. Há que erguer a cabeça e continuar, um dia de cada vez, tentando desenrolar os problemas uns dos outros e resolver um de cada vez.
Mas o manual de instruções até que dava jeito...

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Insónia

É de noite. É de noite e aqui reina o silêncio, neste espaço cheio de nada. Só aqui estou eu e o cão, que dorme aos meus pés, alheio a esta noite silenciosa. Não é que seja uma noite diferente das outras, eu é que estou diferente esta noite.
Não quero ir dormir. De repente, dormir parece-me um desperdício de tempo, quando a vida é tão curta, quando já perdi tanto tempo porque pensava que havia mais e quando dei por mim o tempo tinha passado e eu aprendi que o tempo não volta atrás. É essa a mais dura das realidades. O tempo que passou, passou e levou consigo a minha infância, a minha inocência, a minha vontade de navegar o inavegável. O maldito tempo levou consigo momentos preciosos, pessoas que amei (que amo, aliás) e, por cada uma delas, levou um pedaço de mim.
Porque é que não se ouve o meu grito silencioso?
Amaldiçoo o silêncio, desprezo a noite, rogo pragas ao tempo. No entanto, tudo permanece igual: a noite silenciosa e o tempo a escapar-se-me por entre os dedos. E quase que podia jurar que, enquanto corre à minha frente, fugindo de mim, me deita a língua de fora, gozando comigo.
Será que algum dia faremos as pazes, eu e o tempo? Talvez precise de parar de o perseguir e, quando o fizer, talvez ele ande lado a lado comigo e eu aprenda que, seja lá como for, o tempo vai passar. A forma como passa depende da perspectiva. 

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012



I've changed. I'm not the scared little girl you used to know. I grew up. I don't need anyone to check under the bed for monsters anymore. I learned to defend myself from the ghosts that haunt me. I learned to do things on my own. I learned to face the consequences of my decisions and of the decisions of others. I learned that life isn't fair, that you don't always get what you want, but I also learned that if you fight hard enough you'll get what you need.

You haven't changed. You're still the same little boy I met years ago. No matter how many times you fall down and hit your head, you still don't tie your shoelaces properly. You still think that your life will fall into place just by planning and everything else will just magically fall from the sky. You haven't learned to defend yourself and you can't see that one day there will be no one left to help you.

You see, circumstances change, life changes and we need to adapt. We need to change, to grow, but you can't seem to. I'm afraid we've grown apart and the things used to bring us together, now just divide us. I keep waiting for you to learn, for you to grow up, so we can travel along the road ahead together, but I can't wait forever.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011


A vida é curiosa. Leva-nos a lugares onde nunca pensaríamos estar. Faz-nos acreditar em coisas que de um dia para o outro se tornam em mentiras. Talvez não seja a vida que nos faça isto, talvez sejamos nós e os que nos rodeiam.
Hoje deu-me esta melancolia por ter estado a vasculhar entre recordações. Recordações não muito distantes e, no entanto, parece que passou uma eternidade. Tanto mudou desde então... Parece mentira e chega a doer um bocadinho. Não posso dizer que a culpa seja da vida e não me arrependo das escolhas que fiz e que me trouxeram até aqui, onde estou agora, onde me encontro em paz, onde sou feliz. Tenho é saudades do que já foi e que nunca mais será. As palavras "nunca mais" pesam muito, magoam.
Sinto que, conforme os anos passam, vou deixando pedacinhos de mim por aí, com as pessoas que amo mas que, por alguma razão, tenho de deixar partir. E dói de vez em quando, quando me passam as recordações pelo espírito, porque não consigo nunca deixar de as amar.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010


Tenho saudades tuas. Das conversas, dos passeios, das patetices. Tenho saudades daquele teu olhar que dizia "Sei que me estás a esconder alguma coisa..." e que me fazia sempre deitar tudo cá para fora. E tu ouvias. E compreendias.
Nos momentos de adversidade, quando parece que o mundo está contra mim, nos momentos tristes, quando tudo parece perdido, nos momentos em que preciso de alguém é sempre em ti que penso, és sempre tu quem eu queria ter ao meu lado, é sempre a tua voz que eu queria ouvir, é sempre o teu olhar que quero para me apaziguar o espírito. E nos momentos felizes, quando tenho sucesso, quando tenho sorte, quando o mundo me sorri, é a ti que quero contar. Mas mesmo quando nada de especial se passa, é normal lembrar-me de ti, por qualquer motivo, por uma canção que passa na rádio, por um cheiro, por uma paisagem, por uma palavra, por uma imagem, por qualquer momento que vivemos e que me vem à memória.
Há coisas que passam com o tempo. Isto nunca passou e suspeito que será sempre assim... Vou ter sempre saudades tuas, vou continuar a lembrar-me de ti todos os dias. Não fico triste por ter saudades tuas. Pelo contrário, sinto-me feliz por te ter conhecido e posso visitar-te sempre que quiser porque te guardei no meu coração.