terça-feira, 22 de setembro de 2009

Comboios


A metáfora de que a vida é um comboio encaixa na perfeição. O problema é que eu não estou no comboio, continuo na estação, sentada num banco a ver os comboios a passar. Olho pelas janelas, no interior pessoas riem e choram, existe toda uma diversidade de emoções, é tudo tão colorido e quente... mas eu não posso entrar, não pertenço ali. Quando os comboios param e as portas se abrem, espreito à porta, ouço a música e as gargalhadas, mas não consigo entrar, não posso ficar, consome-me, destrói-me tudo aquilo, tão maravilhoso. Sinto que tenho de ascender para outro plano de existência para pertencer ali e não consigo, não sou capaz, não tenho força suficiente, não tenho luz suficiente em mim. Volto cá para fora, onde chove e está frio, onde tudo é cinzento e triste. Cá fora não é assim tão mau, é o que conheço e o que sei, o pouco que sei. Talvez um dia, se fechar os olhos e quiser com muita força, consiga ascender e entrar no comboio e então serei a mais feliz lá dentro, porque sei o que está cá fora. Ou talvez exista um comboio diferente para mim, quente e colorido e cheio de emoções, onde a luz não me fere os olhos e o som das gargalhadas me é familiar, onde conseguirei entrar naturalmente, porque é ali que pertenço.

domingo, 13 de setembro de 2009

Humanos


Há momentos em que olho à volta e perco toda a esperança. As pessoas são cada vez mais egoístas, cada uma pensa em si própria e não se apercebem de que temos de pensar nas pessoas que nos rodeiam. Vivemos numa sociedade, logo temos de fazer determinadas coisas para o bem comum, temos de pensar no próximo, mas quase ninguém o faz. É rara a pessoa que pede "Com licença", empurrar é mais fácil. Poucas pessoas agradecem, ou dirigem um olhar sequer, a quem lhes segura a porta para elas passarem, preferem seguir em frente de olhos pregados no chão. Não se respeitam filas nem regras de trânsito. As pessoas sofrem de falta de educação, de civismo.
Mais grave do que não nos respeitarmos uns aos outros é a falta de respeito que temos pelos outros animais e pelo mundo que habitamos. Agimos como se tudo fosse nosso, como se tivéssemos o direito de pôr e dispôr dos recursos do planeta. Um dia, num futuro próximo, sofreremos as consequências disto e o pior é que muita gente não vai aprender nada com isso.
Nestes momentos em que contemplo a humanidade e vejo o que acabei de descrever tenho nojo da minha condição de humana, destruidora do mundo, dos outros animais e dos seus iguais.