O príncipe encantado não existe, é um mito. Aquele homem que aparece montado num cavalo branco e nos tira da torre onde nos fechamos à chave pela mágoa é um mentiroso.
Estou absolutamente convicta de que se formos à procura da Branca de Neve, da Rapunzel e da Bela Adormecida, vamos encontrar a Branca de Neve a viver outra vez com os Sete Anões, a Rapunzel divorciada porque rapou o cabelo e ele não reparou e a Bela Adormecida a chorar ao pé das fadas madrinhas porque o príncipe Filipe chegou outra vez a casa com batom no colarinho.
Minhas amigas, quanto mais depressa aceitarmos este facto, menos desilusões teremos: os homens são todos iguais. O homem que repara no que temos vestido (e que levámos horas a escolher para ele), o homem que sabe compreender os nossos silêncios e o nosso olhar cansado, o homem que nos vê a nós e só a nós, apesar da loira boazona que passa ao lado, o homem que nos abraça porque nos quer abraçar e não porque nos quer foder, o homem que não nos desilude, o homem que vem sempre salvar-nos não existe. Não existe, percebem? O príncipe encantado não existe, são todos sapos. Convençam-se disso. Eu já me convenci.