Não costumo olhar pela janela do meu quarto, mas quando olho lá está a tua casa. Tão perto e, no entanto, tão longe. Olho pela janela, penso em ti e não consigo evitar a onda de nostalgia que me invade. Como é que estas coisas acontecem? Como é que alguém deixa de fazer parte das nossas vidas?
De certeza que ainda te lembras, como eu, das tardes em que passávamos horas a conversar, em que falávamos de tudo, das coisas mais íntimas às coisas mais idiotas. Sempre foi assim contigo, sempre soube que podia dizer-te fosse o que fosse. Agora já não sei nada. Quanto mais penso nisso, menos consigo compreender como saímos daí e chegámos aqui. Parece algo que se passou noutra vida, há muito, muito tempo... Apetece-me ir até aí e esperar que apareças, sentada à tua porta, só para te perguntar como estás, mas não tenho coragem.
Sempre que fores ao teu quintal olha para a minha janela e pensa que um dia, quando tiver coragem, vou esperar por ti à porta de tua casa para ficarmos os dois a conversar como fazíamos antes.