terça-feira, 31 de março de 2009

just something on my mind...

Passo os dias a tentar fazer coisas que não quero fazer, coisas que não têm qualquer objectivo. E, para além de não conseguir fazer essas coisas, por mais que tente não consigo, fico sem tempo para fazer as coisas que quero, para ler o livro de Fernando Pessoa que me deram nos anos, para acabar de ler aquele que comecei do António Lobo Antunes no ano passado. Os compromissos que me ocupam o tempo consomem-me de tal forma que já nem escrever consigo, mas não é por não ter tempo, é por não ter vontade, por não ter inspiração. Nunca precisei de ficar a olhar para uma folha em branco e espremer fosse o que fosse cá para fora. As coisas sempre me nasceram na cabeça, ou no coração, ou algures a meio, e forçaram o meu braço a obrigar a minha mão a pegar numa caneta e escrever, assim, sem mais nada, sem sequer pensar, apenas passar para o papel o que nasce dentro de mim. Mas já não nascem palavras dentro de mim, nem sonhos, nem nada. É como se na minha vida houvesse cada vez menos vida. E isto não faz qualquer sentido.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Estrelícias


Estrelícias. São plantas, aparentemente da família da bananeira, originárias da Madeira.
Adoro-as e odeio-as.
Adoro-as porque são bonitas, porque são diferentes, únicas, pelo amarelo que se transforma em cor-de-laranja, que se transforma em vermelho, pelo azul, porque o meu pai me trazia uma sempre que ia à Madeira.
Odeio-as porque ele nunca mais me vai trazer uma. Não consigo contemplar a beleza de uma estrelícia sem me lembrar dele, sem me lembrar do jarro em cima da escrivaninha na casa de Alverca, com uma estrelícia lá dentro e, algures por ali, um pai acabadinho de chegar.