sexta-feira, 26 de outubro de 2007

I love Chocolate (porque a Andreia adorou)


Dizer que se ama alguém é fazer uma promessa. Amar alguém implica auto-sacrifício, implica saber perdoar, saber compreender e aceitar, saber dar e receber, implica longevidade. De facto, considero que esta última é a característica mais importante implícita no verbo amar. Quando se ama, ama-se para sempre, mesmo que, seja por que motivo for, o objecto desse sentimento deixe de fazer parte da nossa vida. Dizer que se ama alguém é prometer estar ao lado dessa pessoa para sempre. E, sim, dizem que nada é eterno, mas quando se diz "Amo-te", se não estivermos convictos de que é para sempre, é mentira. Não se ama com prazo de validade, não se vê fim quando alguém nos preenche completamente.

Por mais banalizado que o verbo amar esteja, e nos dias que correm está bastante, dizer "Amo-te" pode ser uma promessa para a pessoa que ouve. E não digo banalizado como quem diz "I love chocolate". Digo banalizado como os "teenagers" (geração da qual eu, infelizmente, faço parte) dizem "Amo-te" no dia em que começam a "andar" (já não se namora, "anda-se") com alguém novo.

Tudo isto para dizer a todas as pessoas a quem disse "Amo-te" (e muito poucas foram no sentido romântico da palavra) que é verdade e que é para sempre.

domingo, 14 de outubro de 2007

Fica



Entra e fecha a porta, deixa o mundo lá fora. Senta-te comigo e abraça-me. Não precisas de dizer nada, preenche-me apenas com a tua presença. Fecha os olhos comigo, aperta-me contra ti e deixa-me levar-te, a perdermo-nos em nós, porque nada mais existe quando estas comigo. Só quero ficar assim, ao teu lado, deixar a força dos teus braços envolver o meu corpo, a ansiedade da tua respiração pairar nos meus ouvidos, a leveza dos meus cabelos roçar a tua cara e a vontade das nossas mãos em encontrarem-se consumar o que não dizemos.

Fica assim comigo, não te vas embora, porque quando estas aqui sinto-me bem, verdadeiramente bem, encontro paz, aquela paz que procurei incessantemente e fui, inesperadamente, encontrar no teu abraço.

Fica, quero-te.

(foto by me @ Tamariz)

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Broken


Dói. Não compreendo, mas dói. Tenho frio e sinto-me cansada.

Ainda falta muito?

Quero descansar... Quero pousar a minha bagagem e sentar-me à beira da estrada para recuperar o fôlego, para pôr uma manta sobre as pernas e beber uma chávena de chá quente, enquanto o resto do mundo passa a correr. E se te viesses sentar comigo e me contasses todas as histórias que me querias ter contado e eu te dissesse todas as coisas que queria ter dito, quando voltasse a pôr a bagagem às costas para seguir este meu caminho sem destino, pesaria muito menos e eu estaria muito mais segura de mim.

Mas não posso parar, não há Tempo, nem posso sentar-me à beira da estrada, não há Espaço. E mesmo que a Natureza me concedesse um milagre do Tempo e do Espaço, nunca te poderias vir sentar comigo e ensinar-me tudo o que te esqueceste de me ensinar antes de te ires embora. E mesmo que me ensinasses tudo, teria sempre de caminhar sem os teus olhos postos em mim.

Não é que não faça sentido sem ti, é que a beleza de cada manhã é corrompida pela tua ausência.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Espera



Fecho os olhos e quero com muita força (como se diz às crianças para fazer) que o tempo páre, que volte para trás, que me dê para sempre uma daquelas noites de Natal cheias de pessoas, alturas em que tinha tudo.

Mas o tempo não para, não volta atrás. Segundo dizem, a vida continua. Tenho a nítida sensação de que a minha parou. Saí do comboio e sentei-me na estação a ver a vida passar, à espera do comboio certo. Em vez de apanhar um comboio, sonho, enquanto ele passa, com as coisas que encontraria lá dentro, com o destino que queria que ele tivesse ... e o comboio passa e eu continuo sentada na estação, atenta à voz que anuncia a chegada do próximo comboio e o seu destino, para o sonhar enquanto ele não vem e, depois, enquanto ele passa, sem nunca entrar nele.

Uso como desculpa a ignorância, o medo, para a minha impassividade, para a minha inércia. Mas é mentira, eu não sou ignorante, nem tenho medo. A verdade é que não sei porque não me consigo levantar e apanhar de novo o comboio.