
Caminho ao sabor do vento, procurando um lugar familiar. Já esqueci há quanto tempo saltei do comboio, deixando metade da bagagem para trás. Agora caminho no deserto, iludida por miragens... Vejo-te, sinto-te perto, mas são apenas momentos fugazes, tão fugazes que, na loucura da sede e da solidão, não sei se são reais. À noite, no escuro, chamo por ti, mas tu não me ouves, não vens.
Serei invisível? Não consigo fazer-me ver. Tu não me vês, não com olhos de ver, não como eu queria, não como eu te vejo. Quando te vejo não vejo mais nada, não há mais nada, nem mais nada interessa. Vejo-te a ti, só a ti, mas não consigo ver além das tuas barreiras. Por mais que te tente ver, por mais que abra o coração, para me veres, para te deixar entrar, não consigo trepar esse muro. Conforme vou desistindo de tentar, começo a ficar cega e a única coisa que consigo ver quando te vejo é a tua silhueta a fundir-se com a linha do horizonte.