quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

"How to save a life"


Entro e fecho a porta.

Silêncio.

Nunca tivemos este silêncio. Nunca te vi tão cansado.

Porquê?

Finalmente falas, pausadamente, coisas que não compreendo.

O tempo pára, por uma eternidade.

Pânico.

Sei o que estás a dizer e não quero ouvir.

Rejeição.

Calma. A tua. Constante.

Pânico. O meu. Crescente.

A viagem termina.

Ainda incrédula, despeço-me de ti.

Como se nada fosse, volto à realidade, para um dia me arrepender.

"...and I would have stayed up with you all night, had I known how to save a life."

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Desculpa



Gostava mesmo de ti. Gosto mesmo de ti. Se calhar tens razão, se calhar fugi. Não foi consciente, não foi de propósito. Senti-me sufocada, cansada, esgotada e tive de sair, para respirar, para viver, para experimentar e saborear uma existência sem ti. Mas a verdade é que não há existência sem ti, não para mim. Não me foi, não me é possível existir sem saber de ti, mesmo que não estejas mesmo aqui, há uma parte de ti que é minha e há uma parte de mim que será sempre tua.

Queria ter sido melhor, queria ter feito mais, mas não fui, não fiz, não fui capaz. Tu mereces mais e melhor, e eu também. Há coisas que são porque sim, não há mais nada que as explique, e foi porque sim que tudo aconteceu, foi porque sim que, um dia, eu fui para a esquerda e tu para a direita.

Desculpa. Desculpa tudo o que não fui, tudo o que não fiz, tudo o que não tentei.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Pequena



Sinto-me pequena. Pequena ao ponto de não ter controlo sobre o meu futuro, sobre o meu presente. Pequena porque não sei onde estou, o que faço, porque o faço. É só porque tem de ser? Serei (seremos todos?) apenas uma "mindless puppet" participante no grande esquema das coisas?

Sinto-me pequena, impotente. Não tenho qualquer tipo de controlo sobre nada. Não sei o que me está a acontecer e sinto que, ainda que soubesse, não conseguiria fazer nada quanto a isso. Quero parar, mas não consigo, não consigo obrigar-me a pensar, a decidir.

Sinto-me pequena, impotente, sozinha. Grito por ajuda, como se tivesse sido enterrada viva, grito, empurro, contorço-me, até o oxigénio se consumir no meu esforço e eu sufocar. Ninguém ouve, ninguém vê, ninguém consegue estender a mão para me tirar daqui.

Nunca fui tão pequena quanto sou hoje, enquanto espectadora da minha própria vida, sentada no meio da plateia, sozinha.

domingo, 25 de novembro de 2007

To the moon and back




Há dias em que nem vale a pena sair da cama. Quanto mais depressa queremos fazer as coisas, mais nos atrasamos; quanto melhor as queremos fazer, menos o conseguimos. Discussões, contratempos, erros... E há mesmo dias em que não valia a pena ter saído da cama para enfrentar tudo isso.

Mas... há dias que são preenchidos por algo mais, dias completos, dias cheios de ti. E nesses dias vale a pena sair da cama, vale a pena enfrentar as discussões, os contratempos, as consequências dos meus erros, as pessoas que não me querem bem. Vale a pena, porque no fim do dia estás tu, e é em ti que posso refugiar-me e descansar. É em ti que me perco e me reencontro. É por ti que me deixo levar, to the moon and back.

sábado, 10 de novembro de 2007

Castelos de areia


Quando é que se deixa de acreditar?

E como é possível deixar de o fazer?

Mesmo quando os factos apontam para tudo o que me assusta, não consigo desistir, não consigo deixar de acreditar naquilo que me tem permitido respirar, não consigo deixar tudo e fugir, quando sempre pensei que, mais tarde ou mais cedo, o faria, como sempre faço com tudo o que me aterroriza.

Desta vez quis ficar, sem saber porquê, mas quis. Quis pegar no monte de areia molhada que ficou depois da rebentação e construir outro castelo, longe do alcance da maré cheia, com torres mais altas, muralhas mais resistentes e alicerces mais seguros. Não, não sei porque fico. Sei apenas que fico sabendo que me vais fazer chorar outra vez, que vou ter de reconstruir o castelo vezes e vezes sem conta e que, um dia, muito provavelmente e, por certo, inevitavelmente, vou fugir. E tu não me vais procurar.