quinta-feira, 5 de junho de 2008

Reflexões



Costumava saber muitas coisas. Aliás, costumava pensar que sabia muitas coisas. Agora sei que não sei rigorosamente nada. Saber uma coisa já não é nada mau, pois não?

Ontem disseram-me uma coisa que me fez rir instantaneamente, mas pensar muito depois: "És tão instável que prevês as tuas próprias instabilidades". E sou. Quanto ao prever as minhas instabilidades, faço os possíveis, mas sou bastante instável e, inconscientemente, crio defesas em relação a isso. O que é verdade hoje pode ser mentira amanhã. Vivo de emoção forte em emoção forte, salto da dor profunda para a pura euforia, sem meio termo, não há meio termo. Apercebo-me disto e de como é disfuncional e destrutivo, mas não sei se sou capaz de mudar. Vens de mão dada comigo na mesma?

sábado, 10 de maio de 2008

Tempo


O tempo é uma coisa estranha. Cada dia tem vinte e quatro horas, cada hora tem sessenta minutos, e cada minuto tem sessenta segundos. Logicamente, o tempo nunca se altera, não espera por ninguém e nunca para, não se perde, porque é dono de si próprio, não pertence a ninguém, não se compra nem se vende. O tempo passa, caprichoso, tornando segundos em longos minutos, minutos em fastidiosas horas, horas em agoniantes dias, levando momentos preciosos em meros segundos.

O tempo teima em não passar a partir do momento em que te vais embora, demoram-se os segundos, atrasam-se os minutos, prolongam-se as horas. E goza comigo, instala-se o caos, perco toda a noção lógica de tempo e espero... espero... espero. É o que me resta, esperar. Esperar que o tempo corra até ao instante de voltares, de te ver, de te ter, aqui, ali, em qualquer lugar, não me importa muito. Seja onde for que estivermos os dois, esse lugar é a minha casa e era aí que queria possuir o tempo, torná-lo nosso, fazê-lo parar nesses momentos transcendentes em que somos os dois um só.

domingo, 20 de abril de 2008

Medo, amor e loucura


Quero gritar, correr, libertar-me. Sinto-me presa num lugar, sem saber onde, sem saber porquê, mas preciso de sair, de ver mais, de ser mais do que isto, de aprender a viver. A verdade é que tenho medo, tenho medo do amanhã, tenho medo que seja igual a hoje ou que seja totalmente diferente. Tenho medo de seguir o coração, que já me conduziu tão erradamente, e tenho medo de não o seguir.

O que é mais importante? O amor ou a razão?

O amor é o êxtase, é a força que nos move até à mais alta montanha, até ao meio do oceano, até onde for preciso. Quando o amor acaba, o mundo acaba, e quando o amor renasce, um novo mundo renasce também das cinzas do anterior. "Love lifts us up where we belong, where the eagles fly, on a mountain high." O amor é loucura, e onde há loucura, não há lugar para a razão.

Decidi que não vou ter medo. Vou gritar, correr, libertar-me daquilo que me prende, vou render-me à loucura... E quando o mundo acabar sei que vai sempre, sempre renascer.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Mulheres reais


As ruas de Lisboa foram mais uma vez invadidas pelos cartazes da Triumph, que tem contratado a actriz/modelo Claudia Vieira para as suas mais recentes campanhas. Decerto que muita gente ainda se lembra da campanha da Triumph em que a modelo aparecia com pinturas no corpo. Foi, sem dúvida, uma campanha bastante original.

Na nova campanha, Claudia Vieira aparece nos diferentes cartazes com diferentes modelos de lingerie e é sempre rainha de alguma coisa: "Rainha de Copas", "Rainha da Festa", "Rainha do Lar", "Rainha da Beleza". Para além dos cartazes com a modelo, existe ainda um todo em vermelho com o slogan "Mulheres Reais" e uma coroa branca, símbolo da Triumph. Analisemos, então, este slogan. É, sem dúvida, uma associação inteligente ao símbolo da Triumph e, para além disso, à "Rainha" que invade em cartazes as ruas de Lisboa. Portanto, a lingerie da Triumph é feita para e usada por "Mulheres Reais", mulheres de uma beleza divina. Correcto? Não, errado. A lingerie da Triumph é usada por mulheres de todos os comprimentos e larguras, mulheres com as pernas até ao pescoço e mulheres com pernas só até à cintura, mulheres mais novas e mulheres menos novas, mulheres normais, mulheres reais, muitas mais do que as Reais.

Uma vez que o público-alvo da Triumph é a mulher, deixo uma pequena sugestão: apostem em campanhas que se dirijam realmente à maioria das mulheres, campanhas que reflictam aquilo que a mulher gosta e precisa, em vez de campanhas que mostrem o que ela quer ser porque o homem gosta.

domingo, 13 de abril de 2008

Não me dês a mão


Sinto que acordei de um sonho. Vivia numa história que acaba "happilly ever after", mas despertei, deparei-me com uma realidade onde não existe "happilly ever after", onde a verdade é outra, uma verdade muito feia. Tenho este problema, o de não saber distinguir o que é real do que não é, a verdade da mentira, o certo do errado. Não serão conceitos demasiado abstractos? Não sei, mas as coisas que não sei davam para escrever enciclopédias.

O que sei é que até muito recentemente não tinha qualquer dúvida de que te queria ver, de que te queria dar a mão, e hoje não te quero ver, não quero cair na tentação de te dar a mão, de perder o meu olhar no azul do teu e deixar-me levar por outro sonho.

Não me dês a mão. Quero saber o que é real, e o calor da tua mão já não mo diz.