domingo, 20 de abril de 2008

Medo, amor e loucura


Quero gritar, correr, libertar-me. Sinto-me presa num lugar, sem saber onde, sem saber porquê, mas preciso de sair, de ver mais, de ser mais do que isto, de aprender a viver. A verdade é que tenho medo, tenho medo do amanhã, tenho medo que seja igual a hoje ou que seja totalmente diferente. Tenho medo de seguir o coração, que já me conduziu tão erradamente, e tenho medo de não o seguir.

O que é mais importante? O amor ou a razão?

O amor é o êxtase, é a força que nos move até à mais alta montanha, até ao meio do oceano, até onde for preciso. Quando o amor acaba, o mundo acaba, e quando o amor renasce, um novo mundo renasce também das cinzas do anterior. "Love lifts us up where we belong, where the eagles fly, on a mountain high." O amor é loucura, e onde há loucura, não há lugar para a razão.

Decidi que não vou ter medo. Vou gritar, correr, libertar-me daquilo que me prende, vou render-me à loucura... E quando o mundo acabar sei que vai sempre, sempre renascer.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Mulheres reais


As ruas de Lisboa foram mais uma vez invadidas pelos cartazes da Triumph, que tem contratado a actriz/modelo Claudia Vieira para as suas mais recentes campanhas. Decerto que muita gente ainda se lembra da campanha da Triumph em que a modelo aparecia com pinturas no corpo. Foi, sem dúvida, uma campanha bastante original.

Na nova campanha, Claudia Vieira aparece nos diferentes cartazes com diferentes modelos de lingerie e é sempre rainha de alguma coisa: "Rainha de Copas", "Rainha da Festa", "Rainha do Lar", "Rainha da Beleza". Para além dos cartazes com a modelo, existe ainda um todo em vermelho com o slogan "Mulheres Reais" e uma coroa branca, símbolo da Triumph. Analisemos, então, este slogan. É, sem dúvida, uma associação inteligente ao símbolo da Triumph e, para além disso, à "Rainha" que invade em cartazes as ruas de Lisboa. Portanto, a lingerie da Triumph é feita para e usada por "Mulheres Reais", mulheres de uma beleza divina. Correcto? Não, errado. A lingerie da Triumph é usada por mulheres de todos os comprimentos e larguras, mulheres com as pernas até ao pescoço e mulheres com pernas só até à cintura, mulheres mais novas e mulheres menos novas, mulheres normais, mulheres reais, muitas mais do que as Reais.

Uma vez que o público-alvo da Triumph é a mulher, deixo uma pequena sugestão: apostem em campanhas que se dirijam realmente à maioria das mulheres, campanhas que reflictam aquilo que a mulher gosta e precisa, em vez de campanhas que mostrem o que ela quer ser porque o homem gosta.

domingo, 13 de abril de 2008

Não me dês a mão


Sinto que acordei de um sonho. Vivia numa história que acaba "happilly ever after", mas despertei, deparei-me com uma realidade onde não existe "happilly ever after", onde a verdade é outra, uma verdade muito feia. Tenho este problema, o de não saber distinguir o que é real do que não é, a verdade da mentira, o certo do errado. Não serão conceitos demasiado abstractos? Não sei, mas as coisas que não sei davam para escrever enciclopédias.

O que sei é que até muito recentemente não tinha qualquer dúvida de que te queria ver, de que te queria dar a mão, e hoje não te quero ver, não quero cair na tentação de te dar a mão, de perder o meu olhar no azul do teu e deixar-me levar por outro sonho.

Não me dês a mão. Quero saber o que é real, e o calor da tua mão já não mo diz.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Ser diferente



Com 12 anos tinha a altura do meu pai e vestia a roupa da minha mãe. E era normal, era a coisa mais normal do mundo para mim. Talvez pela inocência de ser criança, o facto de todas as meninas da minha idade serem mais pequenas que eu era normal. Mas agora percebo porquê, percebo que era diferente e que isso me marcou para sempre. Não o facto de ser diferente, mas sim terem visto que eu era diferente quando eu não o via. Ainda assim, acho que ser diferente é normal. O que não é normal é ser igual, sermos clones uns dos outros.

Agora, não quero que ninguém repare em mim, fico contente por ser apenas mais uma pessoa na sala, invisível. Mas quero sempre ser diferente.

(fotografia @ Sintra - Quinta da Regaleira)

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Mau dia



As ondas vêm lamber a areia devagar e quase que sinto o sal arranhar-me as feridas. O céu, de tão escuro, ameaça cair sobre a minha cabeça. A areia está molhada e não corre por entre os meus dedos. Está vento e frio e não tenho onde me abrigar. Hoje até a praia se virou contra mim.

Onde estás?

Vem, vem tu lamber as minhas feridas. Vem esconder-me dentro de ti para que não me caia o céu na cabeça, para me proteger do vento e do frio. Vem dizer-me que é mentira, que está tudo bem. Vem amar-me por uma eternidade.